Pílula anticoncepcional e cigarro: saiba os riscos dessa combinação perigosa para a sua saúde
Pílula anticoncepcional e cigarro: saiba os riscos dessa combinação perigosa para a sua saúde
Fumar e usar anticoncepcional juntos aumenta o risco de problemas vasculares e trombose
De acordo com a ginecologista, pacientes tabagistas que utilizam pílula anticoncepcional combina ou fazem tratamento de reposição hormonal estão sob maior risco de eventos tromboembólicos, como a Trombose Venosa Profunda (TVP) e a embolia pulmonar. “Os anticoncepcionais que contêm etinilestradiol (hormônio derivado do estrogênio) promovem um aumento nos fatores pró-coagulantes e diminuição dos fatores anticoagulantes. Isto por si só já aumenta o risco de trombose”, explica a médica. A trombose é a formação de um coágulo sanguíneo (trombo) em uma veia, muitas vezes das pernas, o que provoca dor, inchaço, mudança da cor da pele e queimação. Enquanto a embolia é a formação de coágulos nas artérias pulmonares bloqueando a chegada do fluxo sanguíneo ao pulmão.
O cigarro, por sua vez, possui uma substância química chamada nicotina que, assim como o estrogênio dos anticoncepcionais, podem diminuir a capacidade dos vasos sanguíneos. “Provoca uma lesão vascular levando à inflamação e facilitando a formação de trombos”, esclarece a profissional. Além disso, a substância química contida no cigarro estimula a agrupamento de plaquetas (células responsáveis pela coagulação), favorecendo a formação de coágulos nas artérias. Sendo assim, a associação dos dois aumenta o risco de eventos tromboembólicos”, esclarece a profissional.
Fatores de risco para ficar atenta
Mulheres, em geral, estão mais expostas à fatores de risco do que os homens, por conta da possibilidade de gravidez e ingestão de hormônios em métodos contraceptivos. “Os eventos são mais frequentes na idade avançada do que em meninas jovens, pois nessa fase é maior a chance de fatores de risco como obesidade, varizes e eventos traumáticos”, diz a ginecologista. Gravidez, casos de trombose na família, dificuldade para se movimentar ou imobilidade, viagens de carro, ônibus ou avião prolongadas também são fatores preocupantes para a formação de trombos.
Métodos contraceptivos sem estrogênio são alternativas para fumantes
A primeira indicação médica para as mulheres que estão em risco é parar de fumar. Dependendo da dificuldade em abrir mão dessa dependência, a ginecologista diz que a escolha do melhor hormônio e da via de administração também vão ajudar a diminuir o risco de acidentes vasculares e trombose. Para a prevenção da gravidez, o DIU com progesterona ou a minipílula (pílula de progesterona) são os mais indicados. Outra alternativa é investir em métodos contraceptivos sem hormônio, como o DIU de cobre (dispositivo intrauterino); o diafragma (inserido meia hora antes da relação sexual); capuz cervical (método de barreira, encaixa no cérvix e bloqueia a entrada do esperma); espermicida (substância em creme colocada na vagina para matar os espermatozóides durante o ato sexual) e a esponja contraceptiva (método espermicida inserido na vagina 24h antes do sexo). Cada caso deve ser avaliado individualmente junto ao ginecologista.
O cigarro também pode reduzir a lubrificação natural da vagina
A lubrificação é a secreção natural da vagina que umidifica a genitália feminina. Esse processo do corpo feminino acontece para facilitar a atividade sexual, deixando a região mais úmida para ocorrer a penetração sem dificuldades. Segundo a ginecologista, o cigarro pode alterar a produção natural das secreções. “Ele altera o fluxo sanguíneo da região, produz desidratação e diminui a lubrificação”, explica. Nas tubas uterinas, a médica diz que o efeito das substâncias do fumo diminui a motilidade e aumenta o risco de gravidez ectópica (complicação em que o embrião se forma fora do útero). Além disso, ela acrescenta: “Também já foi comprovado que mulheres fumantes têm maior risco de menopausa precoce do que as não-fumantes”.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dra. Paula Bortolai Martins Araujo, Ginecologista-obstetra do IPGO – Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia
CRM: 127.101



