Ovulação tardia ou fora de época: é normal acontecer?
Ovulação tardia ou fora de época: é normal acontecer?
Veja também: O que é ovulação: quando acontece, sintomas e como calcular essa fase do seu ciclo
O que é ovulação e quando ela acontece?
O período de ovulação é caracterizado pela liberação de um óvulo maduro em direção às tubas uterinas da mulher, possibilitando o encontro com o espermatozóide masculino (liberado durante a relação sexual sem proteção) para ocorrer uma possível fecundação. Justamente por isso, fertilidade e ovulação estão diretamente ligadas.
O ciclo menstrual da mulher se divide em três momentos: fase folicular, ovulação e fase lútea. Algumas pessoas encaram a ovulação como a segunda fase do ciclo. Enquanto outras interpretações descrevem o período de ovulação como um divisor de águas entre as outras etapas, que, na verdade, seriam as duas fases principais do ciclo menstrual. De todo modo, a conclusão é a mesma: a ovulação acontece após a fase folicular e antes da fase lútea.
Segundo o doutor Alexandre, a fase lútea tem duração fixa de 14 dias. Por esse motivo, é possível afirmar que a ovulação pode acontecer cerca de 10 a 16 dias antes da próxima menstruação. A fase folicular, por outro lado, pode variar (o que explica porque a duração do ciclo também oscila de acordo com a mulher e o mês).
Principais causas para ovulação tardia:
1) É comum na adolescência e próximo a menopausa
Na maioria das vezes, a ovulação tardia é natural e não costuma oferecer danos à saúde da mulher. Segundo o doutor Alexandre, esse comportamento é ainda mais comum nos extremos da vida fértil. “Logo no comecinho, quando a menina menstrua pela primeira vez, e no final, já em direção à menopausa, acima dos 40, 45 anos de idade”, indica o médico. Nestes casos, o atraso para ovular pode estar relacionado a algumas alterações hormonais específicas.
2) Alteração hormonal e ciclos anovulatórios
O desenvolvimento e a ruptura do folículo dominante (saco que contém e expulsa o óvulo durante a ovulação) depende diretamente de um hormônio chamado LH (hormônio luteinizante). Por isso, qualquer demora na produção desta substância por parte do organismo feminino pode atrasar a ovulação.
“Você também pode ter ciclos em que o óvulo não se forma, então, você não tem a ovulação”, acrescenta o especialista. A ausência de ovulação recebe o nome de anovulação e também pode acontecer com muitas mulheres em idade fértil. “Isso pode fazer com que o ciclo se torne muito longo, com uma menstruação demorando mais de 30, 35 dias para que venha a acontecer de novo”, conclui o ginecologista.
3) Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
A ovulação tardia também pode ser indicativo de distúrbios hormonais. “Em primeiro lugar, a [causa] mais comum de todas é a Síndrome dos Ovários Policísticos. Na SOP, você tem uma alteração na secreção hormonal e isso pode atrasar a ovulação por muitos meses”, aponta o profissional.
4) Pílula do dia seguinte
“Outra opção são pacientes que fazem uso da pílula do dia seguinte. Se for tomada antes da ovulação, [a pílula do dia seguinte] pode atrasar o momento da ovulação e, com isso, atrasar o ciclo menstrual”, adiciona.
5) Uso de alguns medicamentos
Determinados medicamentos também são capazes de interferir na produção hormonal do organismo feminino e, consequentemente, ocasionar a ovulação tardia. É o caso de alguns antipsicóticos e antidepressivos, além de esteróides e quimioterápicos. Na dúvida, confirme os efeitos colaterais do medicamento em questão com o(a) seu(a) médico(a).
6) Estresse excessivo
De acordo com o doutor Alexandre, mais uma causa bastante comum para a ovulação tardia é o estresse. “Mulheres sob forte estresse podem ter a sua ovulação atrasada e, por fim, atletas. Quando [a mulher] tem um percentual de gordura muito baixo no corpo, a secreção hormonal é alterada e pode levar à parada da ovulação”, finaliza.
Como reconhecer a ovulação tardia?
O primeiro passo é calcular a previsão de chegada da sua próxima ovulação através de aplicativo de ciclo menstrual. Além disso, é possível observar os sinais do próprio organismo para identificar se a ovulação ocorreu ou não dentro do previsto. Os principais sintomas de ovulação incluem: aumento da libido, aumento do muco cervical (que se torna a secreção vaginal mais abundante e elástico), dor em um dos lados do baixo ventre semelhante à cólica e leve elevação da temperatura do corpo ao acordar. Caso não perceba nenhum desses sinais, é bem provável que a sua ovulação ainda não tenha acontecido e, portanto, seja uma ovulação tardia ou um ciclo anovulatório.
O atraso menstrual também pode ser um indicativo de que ocorreu uma ovulação tardia, pois a menstruação está diretamente ligada ao período ovulatório. Por isso, alterações no período menstrual são o principal indicativo de que algo está diferente no processo ovulatório. “A menstruação vai ocorrer sempre 14 dias após a ovulação. Se a ovulação atrasar, a menstruação também atrasará”, orienta o ginecologista.
Além do atraso na menstruação, a ovulação tardia também pode provocar um aumento no fluxo menstrual da mulher. Isso acontece porque, durante a fase folicular (etapa que antecede à ovulação), o organismo feminino produz estrogênio em grandes quantidades. Com a demora para ovular, esta etapa do ciclo dura mais tempo e, consequentemente, o estrogênio atinge níveis mais elevados.
O estrogênio, por sua vez, é um dos grandes responsáveis por engrossar o endométrio (tecido que reveste as paredes intrauterinas) e torná-lo mais receptivo para a implantação de um possível embrião fertilizado. Quando a gravidez não acontece, essa camada endometrial se desfaz e é expelida pela vagina em forma de menstruação. Por essa razão, com o endométrio mais grosso, o sangue menstrual também descerá em maior quantidade.
Veja também: Como saber se estou ovulando: preste atenção nos sinais do seu corpo
Existe tratamento para a ovulação tardia?
Em boa parte dos casos, a ovulação tardia não atrapalha em nada a vida da mulher. No máximo, pode dificultar um pouco o controle do ciclo menstrual. De qualquer forma, o ideal é procurar uma avaliação médica individualizada sempre que notar alterações no padrão menstrual. Caso a ovulação tardia esteja associada à causas patológicas (como a Síndrome dos Ovários Policísticos, por exemplo), o(a) ginecologista responsável poderá dar início ao tratamento adequado.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Alexandre Pupo Nogueira - ginecologista e obstetra membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, é também mastologista e Membro Titular do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês
CRM-SP: 84.414



