Lubrificação feminina tem odor?
Lubrificação feminina tem odor?
Em conversa com o Só Delas, o ginecologista Alexandre Pupo explica por que o odor da vagina é normal e ensina a identificar possíveis alterações no odor da região íntima feminina.
Toda vagina tem cheiro! Entenda
A secreção vaginal da mulher é composta por muco cervical, células do colo do útero e da vagina, bactérias e água. Por isso, as características da lubrificação feminina (aspecto, cor, textura e cheiro) podem variar de acordo com alguns fatores, como alterações hormonais e até mesmo hábitos alimentares.
Segundo o doutor Alexandre Pupo, “a parte interna da vagina é toda colonizada por bactérias, que podem provocar um odor discretamente azedo, que não agride e nem afeta o dia a dia da mulher”. Esse cheirinho levemente azedo está associado principalmente aos lactobacilos - bactérias de proteção da vagina da mulher, que produzem ácido lático e mantêm o pH vaginal ácido.
Além disso, as glândulas sudoríparas presentes na virilha podem acumular suor e bactérias na região íntima ao longo do dia e provocar um odor característico. “É normal a região genital ter um odor mais forte no final do dia relacionado a essas questões das glândulas sudoríparas”, diz o médico. Mas, nada que roupas leves e uma higiene íntima adequada não resolvam.
Cheiro forte depois da relação: é normal?
De acordo com o ginecologista, “o esperma também tem um odor característico. Um odor levemente adocicado graças à grande quantidade de frutose presente para ajudar a manter vivos os espermatozóides”. Por isso, é natural sentir um odor mais acentuado após a relação sexual, desde que esse cheiro não seja muito forte ou desagradável.
“Quando tenho relação, sai um mau cheiro”: o que pode ser?
Não é normal ter cheiro forte nas partes íntimas. O problema pode estar relacionado a doenças e infecções vaginais. “A presença de odor desagradável após a relação sexual normalmente está ligada a uma doença chamada vaginose bacteriana. Em especial, um cheiro forte como se fosse literalmente peixe podre ou carne podre”, alerta o ginecologista.
A vaginose bacteriana acontece quando a bactéria Gardnerella vaginalis, que habita naturalmente a flora vaginal, se multiplica exacerbadamente. O médico explica que, “quando está presente em excesso, a bactéria pode exalar aminas que recebem o nome de putrefina e cadaverina, por conta do odor muito forte que provocam quando entram em contato com substâncias de pH básico, como a urina e o esperma”.
Além do corrimento com cheiro de peixe e tonalidade acinzentada, a vaginose bacteriana pode causar coceira e ardência na vagina. Para identificar essa e outras infecções vaginais e dar início ao tratamento adequado o quanto antes, é importante estar atenta a sintomas fora do habitual e a detalhes como qual a cor da lubrificação feminina, a textura e o odor da secreção.
O remédio para mau cheiro nas partes íntimas deve ser direcionado para tratar o agente infeccioso em questão. No caso da vaginose bacteriana, o tratamento costuma ser feito por meio de medicamentos antibióticos via oral ou vaginal (em forma de cremes e pomadas vaginais). Como sempre gostamos de ressaltar, sempre deve-se consultar um profissional de sua confiança para diagnóstico e tratamento corretos.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Alexandre Pupo Nogueira - ginecologista e obstetra membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, é também mastologista e Membro Titular do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês
CRM-SP: 84.414



