Lubrificação feminina: o que fazer para melhorar a falta?
Lubrificação feminina: o que fazer para melhorar a falta?
Conversamos com a ginecologista Dra. Monique Novacek sobre as principais causas para a falta de lubrificação feminina e o que fazer para melhor.
Como é a lubrificação feminina?
De acordo com a ginecologista, quando a mulher fica excitada, as taxas dos hormônios estrogênio e testosterona sobem e estimulam duas glândulas presentes na vagina a liberar um líquido lubrificante. Elas são chamadas de glândula de Bartholin (localizada na entrada do canal vaginal) e glândula de Skene (localizada próximas ao colo do útero). Enquanto isso, a circulação sanguínea na região da vulva e da vagina aumenta, deixando a pelve mais vascularizada.
O aumento do fluxo sanguíneo e a pressão fazem o líquido lubrificante extravasar pela superfície das paredes da vagina. Dessa forma, a vulva e vagina ficam úmidas e essa lubrificação é suficiente para uma atividade sexual satisfatória, sem dor ou sensação de secura.
Segundo a médica, “A lubrificação vaginal] é importante para melhorar a qualidade do sexo e evitar o atrito entre o pênis e a vagina no sexo vaginal, promovendo um sexo mais tranquilo”, explica a médica. Além disso, ela complementa falando sobre outra função da lubrificação vaginal: “A lubrificação também evita infecções, pois o atrito sem lubrificação pode provocar uma penetração mais dolorosa e lesões que podem facilitar infecção por fungos e bactérias”, explica.
Baixa no estrogênio e falta de estímulo sexual são principais causas da falta de lubrificação feminina
Embora a lubrificação feminina seja um processo natural do corpo, muitas mulheres percebem uma dificuldade do organismo em produzir o lubrificante natural. Segundo a Dra. Monique, a baixa lubrificação feminina pode estar relacionada com diversos fatores. “Pode ser um problema de produção hormonal até problemas psicológicos, levando com que a mulher não se permita ter prazer sexual e tenha essa fase de lubrificação”.
Uma das principais causas de secura vaginal é a baixa produção de estrogênio, um dos hormônios que estimulam as glândulas de Bartholin e Skene a produzirem líquido lubrificante. Por isso, a secura vaginal é comum em mulheres que estão na menopausa ou durante a amamentação, fases em que as taxas de estrogênio no organismo são mais baixas.
A médica também chama atenção para a relação entre a produção de lubrificação vaginal e o estado emocional de uma mulher. Situações como baixo estímulo sexual, pouca libido, problemas de autoestima, insegurança com o corpo, excesso de timidez, depressão, ansiedade e estresse também levam a diminuição da produção de lubrificante e ao ressecamento vaginal. “Uso de pílula anticoncepcional, uso de certas medicações como ansiolíticos e anti-histamínicos são coisas que também prejudicam a lubrificação”, complementa a médica.
Veja Também: Estrogênio e progesterona: qual a função desses hormônios no ciclo menstrual?
Falta de lubrificação feminina pode diminuir a libido e dificultar a vida sexual da mulher
A falta de lubrificação feminina é uma das principais causas de dor durante o sexo. Por isso, muitas mulheres acabam perdendo o interesse sexual e podem, inclusive, passar a ter medo de se relacionar sexualmente. “Ocorre a diminuição da libido pois ela sabe que a relação vai causar dor sem lubrificação. Faz com que a relação sexual se torne um trauma”, complementa Monique.
A dificuldade de praticar um sexo prazeroso impacta não apenas a vida sexual da mulher, como também pode desenvolver problemas de autoestima e insegurança, fazendo ela pensar que não é capaz de sentir prazer. “Muitas vezes a mulher tem vontade, tem desejo de transar mas não tem lubrificação”, diz a médica.
Como aumentar a lubrificação natural feminina? Conheça algumas alternativas
1) Peça o(a) parceiro(a) para investir mais nas preliminares
Em muitos casos, a penetração vaginal começa quando a mulher ainda não está lubrificada o suficiente e, por isso, gera desconforto no começo da relação, fazendo com que ela tenha dificuldade em produzir a lubrificação natural.
Segundo a ginecologista, uma das melhores maneiras de de estimular a lubrificação vaginal é investir nas preliminares. “Melhorar as preliminares aumenta o desejo sexual e faz o parceiro te ajudar a ficar mais tranquila e sem medo ou vergonha de ter relação sexual”, diz. Converse com seu(a) parceiro(a). Fale como gostaria de ser estimulada e não tenha medo de investir no que te dar prazer.
2) Conheça os exercícios de pompoarismo
O pompoarismo é uma técnica de exercícios vaginais que busca fortalecer o assoalho pélvico, músculo que sustenta a vagina, o útero, a bexiga e outros órgãos da região pélvica. A técnica estimula a musculatura vaginal e pode trazer muitos benefícios como melhora no desempenho sexual, previne a incontinência urinária, reduz as cólicas no período menstrual e ajuda a deixar as glândulas de Bartholin e Skene mais ativas. “Os exercícios pélvicos aumentam o fluxo sanguíneo na região genital e ajudam a melhorar a lubrificação”, explica a médica. Além disso, a irrigação sanguínea também aumenta a sensibilidade da região íntima, o que torna o sexo ainda mais prazeroso e facilita o orgasmo.
A prática do pompoarismo é orientada por um fisioterapeuta ginecológico. Os exercícios consistem em contrair e relaxar a musculatura do assoalho pélvico, como se você estivesse fechando o canal vaginal e depois soltando-o. Os movimentos podem ser feitos livremente ou com uso de acessórios específicos como as bolas de Ben Wa, também conhecidas como bolas tailandesas.
3) Cremes para secura vaginal
Os cremes para secura vaginal são indicados pelos ginecologistas para hidratar as células da região íntima e melhorar a umidade local. Eles são aplicados diretamente na vagina com o auxílio de um aplicador e podem ser encontrados em dois tipos: hidratantes vaginais e estrógenos vaginais.
Os hidratantes vaginais criam uma camada lubrificante na região íntima e mantém o pH vaginal em equilíbrio. Eles não possuem hormônios em sua composição e atuam apenas na mucosa da vagina. Os estrógenos vaginais são cremes com baixa dose de estradiol que tratam a falta de lubrificação feminina por meio de uma reposição hormonal local. O estradiol é absorvido pelo canal vaginal e estimula a produção de líquido lubrificante pelas Bartholin e Skene, melhorando os sintomas de secura.
4) Reposição hormonal com comprimidos de estrogênio
A reposição hormonal é um tratamento via oral que busca aumentar as taxas de estrogênio no organismo. O tratamento é indicado para quadros de secura vaginal provocados por baixa produção de estrogênio. A reposição hormonal também ajuda a melhorar a disposição sexual e a libido, levando a mulher a se sentir mais estimulada sexualmente e, como efeito, produzir mais lubrificação.
5) Alimentação rica em vitaminas D e E complementa o tratamento
A alimentação pode ser uma estratégia complementar ao tratamento com creme vaginal ou comprimidos de estrogênio. Alimentos ricos em vitaminas E e D, como abacate, abóbora, mamão e inhame, podem contribuir com a melhora da lubrificação vaginal. A vitamina E melhora o fluxo sanguíneo nas paredes vaginais, enquanto a vitamina D ajuda a controlar o pH da região. Ambas vitaminas podem ser encontradas em alguns legumes e frutas, mas também podem ser ingeridas como cápsulas de suplemento alimentar se for recomendada pelo(a) médico(a).
6) Use lubrificantes artificiais a seu favor
Uso de lubrificante artificial durante o sexo é uma boa opção para aumentar a lubrificação vaginal. Entretanto, ele é apenas uma solução temporária e não funciona como um tratamento para a falta de lubrificação natural.
Este artigo tem a contribuição da especialista:
Dra. Monique Novacek



