Coceira na vagina? Entenda o que pode estar acontecendo com sua região íntima
Coceira na vagina? Entenda o que pode estar acontecendo com sua região íntima
Segundo o ginecologista, a coceira na vulva normalmente é causada por um agente infeccioso (vírus, bactérias, protozoários) ou por algum machucado, como arranhões ou queimaduras. “Toda vez que existe a inflamação, ocorre uma maior concentração de vasos sanguíneos no local. [Esse comportamento do organismo] é importante para a defesa do indivíduo, uma vez que muitas células e mediadores químicos serão transportados para a região com o objetivo de combater o agente agressor”, explica o médico.
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O profissional ainda explica que, durante esse processo, há a liberação de histamina. A substância é responsável por gerar alguns sintomas, incluindo a coceira. “Qualquer agressão que ocorra na vulva ou vagina, independente de ser infecciosa ou não, pode ser acompanhada de coceira. Obviamente, não é normal. Coceiras vaginais merecem uma consulta ao ginecologista", alerta o especialista. Por essa razão, entender quais são as possíveis causas para a coceira vaginal pode ser bastante útil para analisar o contexto e levar o máximo de informações possível ao consultório ginecológico. Confira a seguir o que pode causar a coceira na vagina:
1. Candidíase: coceira e corrimento pastoso branco estão entre os principais sintomas da infecção vaginal
A candidíase é uma infecção vaginal ocasionada pela proliferação em excesso do fungo Candida albicans, que normalmente está presente em pequenas quantidades na flora vaginal saudável. Além da coceira na vulva, a doença também é conhecida por apresentar um corrimento pastoso branco, dor durante o sexo, ardência e inchaço na região íntima da mulher. O aparecimento da candidíase é favorecido pelo desequilíbrio do ph vaginal, cujas causas vão desde uma higiene íntima inadequada até o estresse. De acordo com o doutor Alessandro, a coceira na vagina provocada pela candidíase tende a melhorar durante o período menstrual. “O sangue alcaliniza a vagina, ou seja, o pH aumenta, e, portanto, a proliferação dos fungos diminui”, explica o ginecologista.
A má notícia é que esse alívio não dura para sempre e, na maioria das vezes, a coceira vaginal e os demais sintomas da infecção surgem novamente após o período menstrual. Por isso, o ideal é procurar um(a) ginecologista para dar início ao tratamento indicado. Geralmente, o caminho escolhido para tratar a candidíase é o uso de medicamentos antifúngicos, que podem ser em forma de cremes, pomadas e até mesmo comprimidos via oral. Anti-histamínicos e anti-inflamatórios também podem ser usados no tratamento para esse tipo de doença.
2. Vaginose bacteriana: coceira vaginal leve e mau cheiro na região íntima são alguns indícios da doença
A vaginose bacteriana também é uma doença desencadeada pelo desequilíbrio na flora vaginal. Diferente da candidíase, essa infecção é provocada por bactérias. Segundo o médico, a coceira vaginal causada pela vaginose bacteriana é consideravelmente menor quando comparada às infecções por fungos. Nesta circunstância, o principal sintoma é o mau cheiro na região íntima, especialmente após a relação sexual. Isso acontece porque o esperma do homem tem um pH alcalino que estimula a multiplicação de bactérias na vagina. O tratamento para esse transtorno pode ser feito com cremes vaginais em conjunto com comprimidos via oral.
3. Alterações hormonais podem provocar secura e coceira na vulva
Alguns quadros de alterações hormonais apresentam determinados sintomas que podem ser confundidos com infecções vaginais, incluindo a candidíase. Mulheres com deficiência de estrogênio, por exemplo, podem observar secura vaginal, irritação e coceira na vagina. “Neste cenário, a parede vaginal fica fina e fragilizada e a coceira estará presente”, diz. Diversos fatores podem levar a esse tipo de oscilação nos níveis de hormônios, como a troca ou até mesmo a interrupção abrupta da pílula anticoncepcional. Para identificar a origem do problema, é necessário passar por uma avaliação médica. Após o diagnóstico, o tratamento costuma ser feito por reposição hormonal, podendo ser tópica ou sistêmica.
4. DST's: corrimento esverdeado ou amarelado e coceira vaginal podem indicar Doenças Sexualmente Transmissíveis
Sintomas como corrimento esverdeado e coceira na vagina podem ser indicativos de algumas DST's. Como exemplo, podemos citar a tricomoníase: infecção provocada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que pode atingir o órgão genital e gerar inflamações na bexiga (cistite) e na uretra (uretrite). Para o médico, a coceira vaginal costuma ter um papel secundário no caso das Doenças Sexualmente Transmissíveis, mas não é ausente. “O tratamento é individualizado para cada tipo de doença e o parceiro obrigatoriamente precisa ser tratado em conjunto”, pontua o profissional.
5. Alergia ao absorvente também pode provocar coceira vaginal durante a menstruação
Segundo o ginecologista, algumas mulheres podem ter alergia ao material do absorvente, o que irá causar coceira na região íntima. Nesse caso, tratar a coceira vaginal é relativamente simples: substituir o absorvente por outro com uma cobertura mais suave ou até mesmo dar preferência por absorventes internos. Além disso, mulheres que têm o hábito de lavar muitas vezes a vulva com o chuveirinho (para tirar o excesso de sangue) também podem sofrer esse sintoma pelo excesso de sabonete. O ideal é fazer a higiene íntima, no máximo, duas vezes ao dia.
6. Alergia ao látex presente na camisinha gera coceira e vermelhidão na vagina
Outro tipo de alergia bastante comum é aquela relacionada ao látex, material usado na composição da maioria das camisinhas masculinas. Coceira e vermelhidão na vagina são os primeiros sinais do processo alérgico. Se este for o problema, existe a opção de trocar a camisinha por preservativos feitos por outros componentes, como poliuretano ou poliisopreno sintético. Esses materiais foram especialmente desenvolvidos para quem tem sensibilidade ao látex e tendem a ser uma ótima solução. Verifique a composição do produto na embalagem antes de comprar a camisinha e, em caso de irritação, consulte seu(a) ginecologista para que ele possa recomendar o medicamento correto.
Veja também: Alergia à camisinha: o que fazer para não abrir mão do preservativo
7. Calcinhas de tecido sintético podem causar alergias e favorecer a multiplicação de fungos e bactérias
Calcinhas de tecido sintético podem causar alergia e irritação na região íntima, especialmente em mulheres com a pele sensível. Outro problema provocado por esse tipo de calcinha é o bloqueio da circulação do ar no local. Abafar a vagina aumenta a umidade e o calor na área, o que pode levar à proliferação excessiva de fungos e bactérias responsáveis por gerar infecções. A melhor maneira de garantir que isso não aconteça é optar por calcinhas de algodão ou outro tecido que deixe a vulva "respirar". No mais, faça uma boa higiene íntima no banho pelo menos uma vez ao dia para manter a vagina saudável e livre de coceiras.
8. Higiene íntima inadequada desequilibra o pH da vagina e pode causar infecções responsáveis pela coceira na vulva
A higiene íntima é fundamental para manter a saúde da vagina sempre em dia. A limpeza da vulva deve ser feita com água e um sabonete íntimo líquido, no máximo, duas vezes ao dia. É importante respeitar esse limite, pois a higienização em excesso pode comprometer as defesas naturais da mulher e, consequentemente, também favorece o desenvolvimento de infecções por fungos e bactérias responsáveis por provocar a coceira vaginal.
Veja também: Partes da vagina: saiba como fazer a higiene em cada região
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dr. Alessandro Scapinelli - Ginecologista, membro da SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) e FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia)
CRM:112810-SP
Matéria atualizada em: 31 de março de 2020



