Coceira dentro da vagina: o que pode ser?
Coceira dentro da vagina: o que pode ser?
Para descobrir a verdadeira causa da coceira na vagina, o primeiro passo é marcar uma consulta com um ginecologista. Somente um profissional saberá indicar a forma correta de solucionar o problema de acordo com a origem. Também é importante ficar atento a outros sintomas que possam vir acompanhados, como corrimento vaginal atípico, sensação de ardência e vermelhidão na região.
Para saber mais sobre o que pode provocar coceira na vagina e suas formas de tratamento, o Só Delas conversou com o ginecologista Dr. Rogério Leão.
1. Candidíase: coceira e vermelhidão na vagina estão entre os sintomas da infecção
A coceira dentro da vagina é um incômodo que indica que há algo irregular na região íntima da mulher. De acordo com o ginecologista, a causa mais frequente é a candidíase, uma infecção provocada por fungos que além da coceira, também apresenta outros sintomas característicos. “Os sintomas comuns da candidíase são coceira, ardência e corrimento branco pastoso”, diz ele.
A candidíase costuma estar relacionada a baixa imunidade e hábitos de higiene inadequados. A infecção acontece devido um desequilíbrio no pH vaginal causado pelo aumento da população do fungo Candida albicans, que acaba alterando o nível de acidez da vagina. “É importante ter uma boa higiene íntima para evitar desequilíbrio da flora e infecções. Usar sabonetes específicos para área íntima é bom, mas deve-se também evitar duchas e introdução de produtos dentro da vagina para não desequilibrar a flora vaginal”, explica o médico.
Como tratar: Segundo o Dr. Rogério, o tratamento para a candidíase, normalmente, é feito com uso de medicação antifúngica oral e/ou vaginais. “Também podem ser associadas pomadas anti-inflamatórias, como corticóide, ao tratamento”, acrescenta.
2. Alergias: produtos em contato direto com a vulva podem provocar irritação local
A vulva é uma região muito sensível. Por isso, é importante tomar cuidado com o tipo de produto que entra em contato direto com a área. O Dr. Rogério comenta que depois da candidíase, reações alérgicas são as causas mais comuns de coceira na vagina e na vulva. Entre os principais fatores, o médico cita sabonete íntimo e o uso de lubrificante artificial. “A coceira também pode ser causada por alguma alergia ao sêmen, camisinha, calcinha e produtos usados para lavar as peças íntimas.”, diz. O ginecologista acrescenta que, junto com a coceira, e alergia na vagina pode ser acompanhada de outros sintomas, como sensação de ardência e vermelhidão.
Outro fator que pode causar alergia e coceira na vagina é o uso inadequado de absorvente, em especial o interno. Para evitar o problema, é imprescindível respeitar o tempo de troca do produto e procurar manter a região íntima sempre limpa durante todo o período menstrual.
Como tratar: o Dr. Rogério explica que quadros de alergias e irritação na vagina são tratados com uso de pomadas de corticóides locais. “Antialérgicos orais também podem ser úteis”, comenta o médico. Além disso, após identificar o agente principal da reação, deve-se interromper o seu uso imediatamente. No caso de alergia à camisinha, por exemplo, é importante buscar um preservativo com material hipoalergênico, como os preservativos de poliuretano.
O mesmo vale para sabonetes íntimos. Procure sempre optar pela textura líquida e com pH neutro. Já para a higienização das peças íntimas, não faça uso de sabão em pó ou amaciante. Dê preferência para o sabão em barra neutro e sem fragrância. “Calcinhas de algodão também são menos alergênicas que as feitas de outros materiais, e pode ser uma boa opção”, complementa o médico.
3. ISTs: infecções transmitidas pelo sexo podem manifestar coceira vaginal como sintoma
A coceira vaginal também é um sinal comum de Infecções Sexualmente Transmissíveis. A clamídia, por exemplo, costuma causar ardência, coceira e sensação de queimação na vagina, principalmente durante o sexo ou ao urinar. A infecção ainda pode atingir o reto e provocar inflamação na mucosa do reto. A herpes genital, por outro lado, pode ocasionar coceira vaginal e pequenas feridas na área íntima. Em casos mais graves, as lesões evoluem para úlceras.
A tricomoníase, embora costume ser assintomática, pode gerar coceira dentro da vagina. Além disso, a infecção também é capaz de ocasionar mau cheiro na região íntima, corrimento vaginal e ardência ao urinar ou durante a relação sexual.
Como tratar: o tratamento de infecções transmitidas via sexual é feito dependendo do tipo e do agente causador do problema. Na maioria dos casos, o médico receita medicação antibiótica, que podem ser orais ou locais. Para aliviar a coceira e outros sintomas, ainda pode ser indicado algum remédio anti-inflamatório ou anti-alérgico.
4. Depilação íntima: procedimento pode facilitar entrada de agentes infecciosos na região íntima
Para as mulheres que não abrem mão da depilação íntima, os cuidados íntimos devem ser redobrados. Isso porque a ausência de pelos deixa a região íntima mais vulnerável a agentes infecciosos, como fungos e bactérias. O hábito ainda deixa a vulva e a entrada da vagina em contato direto com o absorvente e roupas íntimas, o que pode gerar atrito e irritação. Além disso, dependendo do método utilizado para retirar os pelos, o procedimento pode causar alergias e irritações que ocasionam coceira dentro da vagina ou na vulva.
Como tratar: assim como qualquer tipo de coceira na vagina, o ideal é consultar um ginecologista para solucionar o quadro. O médico então pode receitar uma medicação local para aliviar o desconforto ou sugerir a troca do método de depilação.
Para evitar qualquer tipo de reação alérgica, o ideal é não abrir mão dos cuidados pós-depilatórios. Não deixe de higienizar bem a região íntima antes de se depilar e utilizar produtos calmantes logo após o procedimento. Também é importante ficar atenta ao material utilizado. O ideal é que ele seja descartável e de uso pessoal.
5. Baixa lubrificação vaginal: coceira na vagina pode surgir após relação sexual
Algumas mulheres costumam sentir um pouco de coceira ou até mesmo uma irritação após o sexo. Segundo o Dr. Rogério, o problema pode estar associado a baixa lubrificação vaginal, que causa uma espécie de atrofia local que aumenta o atrito do pênis no canal vaginal durante a penetração. “Principalmente se for uma relação mais intensa”, diz o médico.
A lubrificação vaginal é uma resposta natural da vagina à excitação sexual. Quando ela não é produzida de forma adequada, a mulher passa a ter um quadro de secura ou baixa lubrificação, causando dor e irritação no canal vaginal durante e após o sexo. O Dr. Rogério explica que essa alteração costuma ser mais frequente na menopausa, devido à diminuição dos hormônios que estimulam a lubrificação vaginal. Contudo, a secura também pode acontecer em mulheres jovens por diversas causas, como uso de anticoncepcional oral ou questões emocionais.
Como tratar: para reduzir a secura vaginal, a recomendação é procurar um ginecologista e relatar o problema. São receitados cremes vaginais para ajudar na hidratação da região. “Deve-se também caprichar nas preliminares e só realizar penetração quando estiver lubrificada. Se necessário, pode usar lubrificantes”, finaliza o especialista.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dr. Rogério Leão - Ginecologista e Obstetra do IPGO (Inst. Paulista de Ginecologia e Obstetrícia) e Médico Assistente na área de Ginecologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM/ UNICAMP)
CRM: 104.152



