Candidíase vaginal: o que causa, sintomas e como tratar
Candidíase vaginal: o que causa, sintomas e como tratar
Conversamos com a ginecologista Bárbara Murayama para saber mais sobre a candidíase vaginal, sintomas, como tratar e boas práticas para evitar a candidíase recorrente.
O que causa candidíase?
A candidíase é causada pelo aumento da população do fungo Candida albicans na flora vaginal. Os microrganismos que já habitavam a vagina naturalmente em quantidade menor, se multiplicam quando há um desbalanço na acidez da vagina e enfraquecem os lactobacilos, bactérias que atuam como uma barreira proteção natural da região íntima.
As principais causas de candidíase são baixa imunidade e higiene inadequada. Contudo, outros fatores também podem desencadear a infecção vaginal:
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Manter a região íntima úmida e abafada por muito tempo
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Vestir roupa íntima apertada e de material sintético
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Consumo exagerado de doces e carboidratos
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Diabetes
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Gravidez
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Ter relações sexuais sem camisinha
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Uso prolongado de antibióticos
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Ficar mais de 8 horas com o mesmo absorvente
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Uso de duchas vaginais para a higiene íntima
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Fazer a higiene íntima com sabonetes corporais
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Uso de produtos perfumados para lavar calcinhas
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Uso de biquíni ou maiô molhado por muitas horas
Todos os fatores citados acima alteram os níveis de acidez do pH vaginal, prejudicando a ação protetora dos lactobacilos. Como efeito, eles não seguem controla a proliferação de bactérias e fungos nocivos para a região íntima, desencadeando um quadro infeccioso.
Sintomas de candidíase: corrimento branco pastoso e coceira vaginal são os principais
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O sintoma mais característico da candidíase é o corrimento branco espesso com com consistência granulada, semelhante ao leite coalhado.
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Em alguns casos, a secreção pode apresentar mau cheiro.
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Outro sintoma frequente é a coceira vaginal.
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Alguns quadros da infecção ainda causam vermelhidão na vulva, ardor ao urinar e dor durante a relação sexual.
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Devido a coceira intensa, algumas mulheres podem desenvolver uma irritação local, levando ao surgimento pequenas lesões na mucosa da vulva.
Tratamento para candidíase é feito com uso de medicação antifúngica oral ou tópica
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A candidíase tem cura e seu tratamento costuma ter resultado rápido. Uma vez que é confirmado o diagnóstico da infecção vaginal através do exame preventivo ou papanicolau, o(a) ginecologista indicará o uso de medicação antifúngica, que podem ser de uso oral ou vaginal, dependendo do quadro clínico da paciente. “ A medicação oral age de forma sistêmica e o creme vaginal age localmente. Com frequência utilizamos a associação deles”, explica a médica.
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O tratamento costuma durar cerca de sete dias e, durante esse período, é fundamental evitar relações sexuais com penetração.
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Outra recomendação é evitar consumir bebidas alcoólicas durante o tratamento. Quando há uma irritação local mais acentuada, o médico também pode indicar outros remédios, como corticóides.
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Os remédios mais prescritos no tratamento da candidíase são o Fluconazol em cápsula e os cremes vaginais Clotrimazole, Miconazol e Butoconazol. “Anti-alérgicos também podem ser usados para aliviar inicialmente o processo de coceira e inflamação. Mas precisamos buscar a causa do desequilíbrio. Avaliar a saúde da paciente como um todo” cita a dra. Bárbara.
Uma vez que o tratamento é finalizado e os sintomas desapareceram a mulher já pode se considerar curada. Mas isso não significa que ela está isenta de apresentar a infecção novamente. A candidíase é um dos quadros infecciosos mais frequentes, pois diversos fatores do dia a dia estimulam a proliferação dos fungos na flora vaginal. Por isso, a importância de manter sempre uma rotina de cuidados íntimos.
Tratamentos caseiros para candidíase funcionam?
De acordo com a ginecologista, o tratamento da candidíase deve ser feito somente com orientação médica. Sendo assim, ela não recomenda nenhum tipo de tratamento caseiro, exceto se este for indicado por um profissional. “A recomendação é não realizar uso de nenhum produto sem receita médica e buscar consulta ginecológica, pois nem toda coceira e corrimento é candidíase”, explica.
No caso das receitas de banho de assento para tratamento caseiro da candidíase, muito populares na internet, a médica ressalta que eles só devem ser feitos com o aval de um ginecologista. Segundo a profissional, alguns médicos chegam a prescrever o método, mas é preciso ter muito cuidado com os ingredientes escolhidos para a prática, pois, em algumas situações, eles podem agravar o quadro da infecção. “Os fungos que causam a candidíase gostam de um ambiente quente, úmido e mais ácido. Banhos de assento que aumentam a acidez podem piorar a situação”, sinaliza.
Confira alguns hábitos que auxiliam na prevenção da candidíase
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Usar roupas mais frescas, como saias e vestidos, que permitem maior ventilação na área íntima e evitam o abafamento;
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Usar camisinha em todas as relações sexuais;
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Não ficar biquínis ou maiôs molhados por muito tempo;
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Respeitar o tempo máximo de 8 horas com o absorvente;
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Manter uma alimentação equilibrada e reduzir o consumo de alimentos com alto teor glicêmico. Eles modificam o pH vaginal, deixando a região íntima mais vulnerável;
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Não compartilhar peças de uso íntimo;
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Não fazer uso de duchas vaginais;
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Usar apenas água e sabonete íntimo líquido com pH neutro para fazer a higiene;
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Concentre a higiene íntima apenas na região externa (vulva, grandes e pequenos lábios e ânus);
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Vá ao ginecologista regularmente.
Dessa forma é possível prevenir não apenas a candidíase, mas outras infecções vaginais causadas por desequilíbrios na microbiota.
Candidíase recorrente sinaliza baixa imunidade
A candidíase é considerada um problema recorrente quando surge pelo menos três vezes ao ano. Neste casos, deve-se investigar se a infecção é um indício de alguma deficiência imunológica. A baixa imunidade prejudica os mecanismos de defesa do organismo, deixando uma pessoa mais suscetível a infecções. A Dra. Bárbara aproveita para citar outras possíveis causas para se ter candidíase com frequência. “Os fatores de risco que aumentam as chances são ter diabetes e estar com as taxas de açúcar descompensadas”.
Para evitar quadros de candidíase de repetição, o ideal é investir em uma alimentação regrada com nutrientes e vitaminas. Outro ponto importante é não abrir mão da hidratação. O consumo de probióticos (bactérias benéficas) também costuma ser eficaz em pacientes que apresentam os sintomas da infecção repetidamente.
Candidíase na gravidez é perigoso?
A gravidez é um período em que a mulher está mais vulnerável à infecções provocadas por desequilíbrio na flora vaginal. De acordo com a dra. Bárbara Murayama, as gestantes são mais propensas à candidíase devido ao aumento das taxas hormonais e a queda de imunidade natural. “Essas condições propiciam um ambiente favorável a proliferação desse fungo”, comenta.
A candidíase não gera complicações. No entanto, no caso das gestantes, é preciso ficar em alerta. “Como qualquer infecção na gestação, há o risco de trabalho de parto prematuro e ruptura prematura da bolsa. Além do desconforto que pode causar para a gestante”, diz a médica. Além disso, caso o bebê nasça de parto normal e a mãe esteja com candidíase, existe uma possibilidade que ele apresente os sintomas da infecção nos seus primeiros dias de vida.
O tratamento da candidíase para mulheres grávidas é semelhante ao tradicional, com uso de medicação oral ou cremes vaginais.
Candidíase no homem passa para a mulher durante a relação sexual?
A candidíase não é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível. No entanto, a ginecologista diz que existe a possibilidade de uma pessoa desenvolver o problema a partir da prática de sexo sem preservativo, já que facilita o acesso de inúmeros microorganismos nocivos na região íntimas que podem provocar desequilíbrios na flora vaginal. Sendo assim, a candidíase no homem pode passar para a mulher.
Já os homens também correm o risco de contrair a infecção caso tenham relação com uma mulher com candidíase. “Alguns parceiros quando tem relação com uma mulher com candidíase podem sentir sintomas de candidíase como vermelhidão inchaço e coceira no pênis e devem então ser avaliados e tratados também”, finaliza.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dra. Bárbara Murayama - Ginecologista
CRM: 112527



