Ausência de menstruação: 9 fatores que podem causar essa condição
Ausência de menstruação: 9 fatores que podem causar essa condição
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A ausência de menstruação nas mulheres em idade fértil recebe o nome de amenorreia, que pode ser primária ou secundária. A amenorreia primária é quando a menina já completou 16 anos e ainda não apresentou a menarca (primeira menstruação), além de não apresentar sinais da puberdade (crescimento dos seios e pêlos pubianos).
Já a amenorreia secundária consiste na ausência de menstruação por mais de três ciclos menstruais. Nessa situação, o primeiro passo é verificar se a mulher está grávida. Uma vez descartada a gestação, recomenda-se buscar uma avaliação médica para identificar a origem do problema e dar início ao tratamento adequado.
Conversamos com a ginecologista Lívia Migowski para entender quais são os fatores que provocam ausência de menstruação.
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Transtornos emocionais desequilibram os hormônios e podem causar amenorreia
Segundo a doutora Lívia, todos os casos de transtornos emocionais, como estresse, depressão e ansiedade, podem interferir na liberação de hormônios no hipotálamo. “O hipotálamo é quem dá o pontapé inicial no nosso ciclo menstrual, já que é ele que vai estimular a hipófise, que, por fim, estimula os ovários. O hipotálamo está diretamente ligado ao nosso córtex cerebral e recebe todos os estímulos aos quais somos submetidas. Portanto, estresse, tristeza e alterações de sono podem alterar o seu funcionamento”, explica a médica.
Para combater o estresse e ansiedade, você pode investir em uma rotina de autocuidados com a mente e o corpo, como a prática da meditação e uma rotina de exercícios físicos de sua preferência. Exercitar o corpo ajuda a liberar endorfina, que é uma substância responsável pela sensação de prazer e bem-estar capaz de reduzir o estresse e aliviar tensões.
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Exercícios físicos em excesso influenciam no ciclo menstrual e provocam ausência de menstruação
De acordo com a ginecologista, praticar exercícios físicos com muita intensidade também pode atrapalhar a regulação do ciclo menstrual e gerar a ausência de menstruação. “Os exercícios físicos intensos funcionam para o nosso corpo da mesma forma que o estresse e podem interferir na menstruação através do hipotálamo. Chamamos de amenorreia dos atletas”, explica.
O quadro é mais comum em maratonistas, nadadoras, ginastas e outras esportistas profissionais. Quando a rotina de atividades físicas chega a influenciar o ciclo menstrual, o ideal é reduzir a intensidade da prática para que o corpo possa voltar a funcionar normalmente.
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Ganho ou perda excessivos de peso estão entre as causas para a amenorreia
A ausência de menstruação também pode estar associada ao ganho ou perda excessivos de peso, geralmente, relacionados a distúrbios alimentares. “A perda exagerada de peso, como encontrado em mulheres com anorexia, leva à ausência de menstruação por interferir diretamente no funcionamento do hipotálamo”, esclarece a ginecologista.
Já a obesidade pode levar à ausência de menstruação pelo aumento da insulina que ocorre nessas mulheres. “O aumento da insulina leva à falta de ovulação e, portanto, a não produção do corpo lúteo naquele ciclo. Sem corpo lúteo, sem menstruação”, esclarece a médica.
O corpo lúteo se forma no mesmo lugar em que o óvulo maduro ficava antes de ser expelido em direção à tuba uterina. Em outras palavras: após a liberação do óvulo (durante a ovulação), a cicatriz, que antes era um folículo, se transforma no corpo lúteo. A estrutura recém-formada passa a secretar progesterona e, graças a este estímulo hormonal, o endométrio se torna mais espesso a fim de receber uma possível gestação. Se a gravidez não acontece, o tecido endometrial é descamado e expelido, junto com o corpo lúteo, em forma de sangue menstrual. Dito isto, fica mais fácil compreender a relação entre corpo lúteo e menstruação.
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Alterações na tireóide, especialmente o hipotireoidismo, têm a amenorreia como sintoma
Distúrbios na tireóide, glândula secretora de hormônios, é mais uma causa comum para a falta de menstruação na mulher. “A tireóide participa do ciclo menstrual uma vez que ela consegue alterar o funcionamento da hipófise (glândula mestre do nosso corpo, que fica no Sistema Nervoso Central). Portanto, tanto no hipertireoidismo como no hipotireoidismo (principalmente), podemos observar a irregularidade menstrual e até mesmo a ausência de menstruação”, aponta a doutora Lívia.
Em casos de suspeitas, não pense duas vezes antes de agendar uma consulta com o(a) seu(a) ginecologista. O(a) médico(a) fará o diagnóstico através de exames específicos, como o exame de sangue, e poderá seguir com o melhor tratamento para o quadro.
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Medicamentos, como corticóides e antidepressivos, desregulam a produção de hormônios e podem gerar a ausência de menstruação
Alguns medicamentos podem alterar os níveis hormonais no organismo feminino, como, por exemplo, aumentar a produção de prolactina (substância responsável pelo estímulo do leite materno). Este efeito pode ser o suficiente para provocar a ausência de menstruação. Entre os medicamentos capazes de elevar os níveis de prolactina no corpo e bloquear o período menstrual, estão: corticóides, antidepressivos, neurolépticos, imunossupressores e alguns antipsicóticos.
Geralmente, essa alteração hormonal ocorre em mulheres que já utilizam tais medicações há muito tempo. Se este for o seu caso, converse com o(a) seu(a) médico(a) a respeito.
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Endometriose, SOP e outras doenças provocam ausência de menstruação
Algumas doenças e síndromes têm a ausência de menstruação como sintoma. A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um exemplo disso. “A SOP está associada à falta de ovulação (anovulação) nas mulheres. Portanto, mulheres que não ovulam, não produzem o corpo lúteo e, então, não apresentam a menstruação naquele mês”, esclarece. A Síndrome dos Ovários Policísticos é um distúrbio hormonal que leva à formação de pequenos cistos nos ovários.
A endometriose, caracterizada pelo crescimento indevido da camada endometrial fora do útero, também pode ter a amenorreia secundária como sintoma. “O problema pode estar no endométrio, que não é capaz de responder ao estrogênio e à progesterona. Isso ocorre por uma inflamação no endométrio ou pela presença de fibroses no interior do útero, causadas por algum trauma”, acrescenta a especialista.
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Alguns métodos contraceptivos hormonais inibem a ovulação e, consequentemente, a menstruação
Não é raro ouvir relatos de mulheres que sofrem com a ausência de menstruação tomando anticoncepcional. “A amenorreia da pílula pode ser um efeito esperado sempre que a pausa da pílula for muito curta (2 - 4 dias) ou ausente (no caso do anticoncepcional de uso contínuo)”, diz a médica.
De acordo com a profissional, o sangramento das mulheres que tomam pílula ocorre após a interrupção do método por alguns dias: “Em dois a três dias após o último comprimido da cartela, acontece o sangramento pela diminuição da progesterona. Portanto, se essa pausa for muito curta, o sangramento pode não acontecer”, explica.
Outros métodos contraceptivos hormonais, como a injeção anticoncepcional e o DIU hormonal (ou DIU de progesterona), também podem levar a esse comportamento do organismo feminino.
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Hímen imperfurado pode ser uma causa para a ausência de menstruação
Meninas que apresentam o hímen imperfurado sofrem com o bloqueio da menstruação ainda na puberdade, dificultando a chegada da menarca (primeira menstruação). Este tipo de hímen caracteriza-se por uma membrana completamente fechada que impede a passagem do fluxo menstrual pelo canal vaginal da mulher. Para evitar esta e outras complicações decorrentes do hímen imperfurado, é preciso recorrer ao ginecologista para uma avaliação e ver se é necessário passar por um pequeno procedimento cirúrgico.
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Quimioterapia pode provocar alterações no ciclo menstrual da mulher
O tratamento de todo tipo de câncer pode ocasionar irregularidade na frequência da menstruação. Muitos medicamentos quimioterápicos podem comprometer o funcionamento dos ovários e alteração a produção hormonal do organismo feminino, levando à ausência da menstruação.
Quaisquer alterações no período menstrual devem ser informadas ao(a) médico(a) responsável, mas, geralmente, esses sintomas são esperados e podem normalizar após o fim do tratamento.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dra. Livia Migowski, ginecologista e obstetra da Perinatal
CRM: 52.90682-4



